Para o próximo mês, a sugestão de leitura é
Norwegian Wood
de Haruki Murakami
Considerado um dos autores mais importantes da literatura japonesa.
O encontro será em 28 de abril.
"Norwegian Wood é um comovente romance sobre a transição da adolescência para a vida adulta. […] Murakami nos conduz com maestria por esta trama fascinante sobre a vida de um jovem ás voltas com perguntas, paixões e falsas certezas, numa Tókio repleta de nostalgias. "
O livro para maio também já foi votado: O JOGO DA AMARELINHA de Julio Cortázar.
Uma boa leitura a todos!
Olá!
ResponderExcluirEstou quase na metade da novela, e a estou adorando.
Deixo algumas frases que gostei para compartilhar com vocês!
Como há amigos lendo na Argentina, também as copio em espanhol!
Um abraço, Gabriela =)
Capítulo 2
"A morte não é o oposto da vida, mas uma de suas partes constituintes." (p. 36)
“La muerte no existe como contraposición a la vida sino como parte de ella”
Capítulo 3
"Era ao mesmo tempo dono de um espírito espantosamente nobre e de uma vulgaridade irremediável. Avançava otimista, liderando os outros, mas seu coração se embrenhava em um pântano da solidão. [...] Nagasawa vivia num inferno particular. " (p. 44 - 45)
“Poseía un espíritu muy noble, no exento de vulgaridad. Mientras avanzaba a paso ligero guiando a los demás su corazón se debatía en soledad en el fondo de un sombrío cenegal. [...] Aquel chico vivía llevando a cuestas su particular infierno.”
"Sentia como se algo em mim houvesse se desintegrado, e, sem nada para preenchê-lo, uma caverna se formara. Meu corpo estava curiosamente leve e os sons ecoavam nele." (p. 56)
“Algo se hundió en mi interior y, sin nada que pudiera rellenar ese vacío, quedó un gran hueco en mi corazón. Mi cuerpo mostraba una ligereza anormal y una resonancia hueca.”
Capítulo 5
"Talvez realmente não sejamos capazes de nos adaptar completamente à nossa deformidade." (p. 114)
“Tal vez somos incapaces de adaptarnos a nuestras deformaciones.”
Capítulo 6
"[...] ao contrário, as rugas acentuavam uma jovialidade que transcendia a idade. As rugas combinavam perfeitamente com seu rosto, parecendo estar lá desde seu nascimento. Quando ela sorria, as rugas também sorriam; ao ficar séria, as rugas também ficavam sérias. Quando seu rosto não estava nem alegre nem compenetrado, elas se espalhavam por todo seu semblante com ironia e ardor. " (p. 123 - 124)
"[...] las arrugas, lejos de envejecerla, le conferían una juventud que trascendía la edad. Formaban parte de su rostro como si ya hubiese nacido con ellas. Cuando sonreía, las arrugas sonreían; cuando ponía cara seria, las arrugas ponían cara seria. Y cuando no sonreía, ni ponía cara seria las arrugas se esparcían por todo su rostro, irónicas y cálidas.”
No livro, tanto Midori como Naoko falam sobre as pessoas comuns, as garotas comuns.
ResponderExcluirNa página 116, Naoko fala sobre "pessoas normais do mundo normal".
Afinal, quem seriam essas pessoas normais do mundo normal?
O que é a normalidade?
Talvez seja um bom início de conversa para o encontro do dia 28...
Abraços,
Andréa
Norwegian Wood é um bom romance, um tradicional romance escrito de maneira autêntica, como as coisas acontecem. Ele é sincero, vai direto ao ponto, ainda que com inúmeras repetições e memória surpreendente. Os diálogos relacionados ao sexo são colocados de forma sincera, lírica, comovente, às vezes. Um retrato do amor puro. Numa conversa a três Naoko fala das suas dificuldades para relacionar-se sexualmente com o namorado, Kizuki; mesmo estando apaixonada por ele. Difícil acreditar que, naquela época, em nossa cultura as coisas acontecessem assim, tão liberadas, tão francas, como no japão dos anos 1960.
ResponderExcluirNo contraponto entra Nagasawa, leitor de Scott Fitzgerald, cuja performance junto às mulheres representa o poder, o "sel-made man", o heroi americano herdado de O Grande Gatsby, apoiado pelo sonho americano do crescimento da indústria, do cinema, do Jazz; poucos anos antes do grande colapso. É esse livro que une por amizade duas pessoas de pensamentos e atitudes diametralmente opostas: Watanabe e Nagasawa. É interessante notar por quê Murakami concentra o maior interesse de Watanabe sobre O Grande Gatsby, quando a influência maior da obra recai sobre Nagasawa. Seria pela ingenuidade daquele? Em nossa infância, sempre temos os nossos heróis. Na minha eram os "mocinhos" dos gibis, Roy Rogers era meu herói preferido. Na adolescência, meu livro de cabeceira era O Navegante de Morris West. Ele me ensinou os princípios da liderança. Bem mais tarde os filósofos. Ah, os filósofos... Eu adorava contar a história do porquê de o método socrático chamar-se maiêutica... A dialética valendo-se da obstetrícia para ensinar filosofia. Falo de coisas minhas, para, de certa forma, justificar o traço autobiográfico com que vem carregado o romance de Murakami.
Difícil de entender o poder de sua memória quando relaciona as músicas que ouvia. Os registros da época, do dia, do local, com quem estava e as sensações que lhe provocavam. No rádio, se determinada música vinha antes ou depois do comercial (pag. 176). Acho que aqui Murakami forçou um pouco a paciência do leitor.
Por fim é um livro belo se não fosse trágico. Em pouquíssimos anos de história, muitos suicídios: Kisuki, Hatsumi, Naoko (Nazista some...?). Revela-se aí a pouca importância que esse povo dava ou ainda dá à vida? Talvez uma explicação para a prática do Haraquiri, e os Kamikazes se transformarem em heróis de guerra, "Post mortem".
Lamentavelmente não poderei estar presente a essa reunião.
Então, mando o meu abraço a todos
Olá, Dorival,
ResponderExcluirCom tantas percepções sobre o livro de Murakami, foi uma pena que você não tenha ido ao encontro.
Algumas de suas impressões foram também comentadas por outros leitores.
Quanto aos suicídios, bastante díspar sua opinião quanto à falta de importância que se dá à vida. No encontro, as causas foram relacionadas aos sentimentos de extrema solidão, tristeza, carência de sintonia com o chamado mundo exterior.
Esperamos você no encontro de Cortázar!