domingo, 26 de setembro de 2010

Setembro de 2010 - Italo Calvino

Se um viajante numa noite de inverno
Si una noche de invierno un viajante

del escritor italiano

Italo Calvino





Italo Calvino (Cuba, 1923 - Siena, Itália, 1985), um dos escritores italianos mais importantes do século XX. Ha sido uno de los escritores italianos más importantes del siglo XX.


"Tentar escrever romances 'apócrifos', isto é, aqueles que imagino tenham sido escritos por um autor que não sou eu e que não existe, foi tarefa levada ao extremo em Se um viajante numa noite de inverno. Trata-se de um romance sobre o prazer de ler romances; o protagonista é o Leitor, que por dez vezes recomeça a ler um livro que, em razão de vicissitudes alheias a sua vontade, ele não consegue terminar. Tive, portanto, de escrever o início de uma dezena de romances de autores imaginários, todos de algum modo diferentes de mim e diferentes entre si: um romance todo de desconfianças e sentimentos confusos; outro todo de sensações densas e sanguíneas; um introspectivo e simbólico; um existencial revolucionário; um cínico-brutal; um de manias obsessivas; um lógico e geométrico; um erótico-pervertido; um telúrico-primordial; um apocalíptico-alegórico. Mais que identificar-me com o autor de cada um dos dez romances, procurei identificar-me com o leitor"
(Apêndice, p. 266)


"La empresa de tratar de escribir novelas 'apócrifas', que me imagino escritas por un autor que no soy yo y que no existe, la llevé a sus últimas consecuencias en este libro. Es una novela sobre el placer de leer novelas; el protagonista es el lector, que empieza diez veces a leer un libro que por vicisitudes ajenas a su voluntad no consigue acabar. Tuve que escribir, pues, el inicio de diez novelas de autores imaginarios, todos en cierto modo distintos de mí y distintos entre sí: una novela toda sospechas y sensaciones confusas; una todas sensaciones corpóreas y sanguíneas; una introspectiva y simbólica; una revolucionaria existencial; una cínico-brutal; una de manías obsesivas; una lógica y geométrica; una erótica y perversa; una telúrico-primordial; una apocalíptica alegórica. Más que identificarme con el autor de cada una de las diez novelas, traté de identificarme con el lector..."

Encontro 23: mágico e cheio de novas leitoras amigas.

O original romance de Ítalo Calvino, Se um viajante numa noite de inverno,
conseguiu nos mobilizar bastante...
Trata-se de um livro maravilhoso e peculiar onde o autor não só começa dez romances diferentes, que por diferentes razões são interrompidos, chateando o Leitor protagonista que, na realidade, somos nós. Calvino analisa o mundo da literatura de todos os ângulos possíveis: do ponto de vista do escritor, dos leitores, das diversas formas de narrar, dos livros e também do impacto que produz em nossas vidas.
Calvino faz um paralelo muito interessante entre as relações humanas, a literatura e a vida; é por isso que é necessário se liberar de todo preconceito antes de começar esta leitura, (como na frase do capítulo 10 que copiamos mais abaixo), para poder prestar mais atenção nesse mundo que o narrador constrói ao redor dos livros, a Leitora e o Leitor.
Enquanto na Europa se celebram os 25 anos da morte deste magnífico escritor italiano, nós celebramos sua descoberta.
Houve, no nosso grupo, quem teve que se esforçar para terminar de ler o livro, gente que prefere leituras mais tradicionais porque (talvez) gerem uma sensação de segurança e de satisfação maior. Mas também houve leitores que desfrutaram tanto que desejam ler o autor novamente.
Literatura é arte e cada pessoa tem uma leitura e
uma interpretação única de cada obra.
Graças a esse romance, surgiu um debate lindo, cheio de reflexões sobre a importância dos livros na nossa vida.
Deixe-nos um comentário contando: O que representa a literatura em sua vida?


La original y loca novela: Si en una noche de invierno un viajante,
de Italo Calvino, ha logrado movilizarnos…
Se trata de un libro maravilloso y peculiar en el que el autor comienza diez novelas diferentes, que por diversas razones son interrumpidas
ofuscando al Lector protagonista que somos nosotros.
Calvino analiza el mundo de la literatura desde todos los ángulos posibles: desde el punto de vista del escritor, de los lectores, de las diversas formas de narrar, de los libros
y también desde el impacto que genera en nuestras vidas.
Es un libro que recomendamos leer, tal vez, sin entrar de lleno en cada romance que comienza y que inevitablemente se interrumpe (eviten, en lo posible, de memorizar cada nombre y lugar específico) para aliviar la sensación de frustración que vamos sintiendo cuando la historia se corta, porque lo importante va más allá de esos comienzos.
Calvino hace un paralelo muy interesante entre las relaciones humanas, la literatura y la vida, por ello es necesario liberarse de todo preconcepto antes de comenzar esta lectura, (como lo dice la frase del capítulo 10 que copiamos más abajo), para prestar más atención en ese mundo que el narrador construye alrededor de los libros, de la Lectora y del Lector.
Mientras en Europa se están conmemorando 25 años de la muerte de este magnífico escritor italiano, nosotros celebramos haberlo descubierto.
Hubo gente en nuestro grupo que tuvo que esforzarse para terminar de leer el libro y que prefieren lecturas de novelas más tradicionales porque, tal vez, generan una sensación de seguridad y de satisfacción mayor. Por el contrario, hubo otros lectores del grupo que no ven la hora de volver a leer el libro.
Literatura es arte y cada persona tiene una lectura y
una interpretación única de cada obra.
A partir de esta novela surgió un lindo debate lleno de reflexiones sobre la importancia de los libros en nuestra vida. ¡Bravo por Calvino!
Dejanos un comentário contando: Qué representa la literatura en tu vida?


Frases do livro:
“Para essa mulher [...]. Ler significa despojarse de toda intenção e todo preconceito para estar pronta a captar uma voz que se faz ouvir quando menos se espera, uma voz que vem não se sabe de onde, de algum lugar alem do livro, alem do autor, alem das convenções da escrita: do não dito, daquilo que o mundo ainda não disse sobre si e ainda não tem as palavras para dizer.”
“Para esa mujer, [...] leer quiere decir despojarse de toda intención y de todo prejuicio, para estar dispuesta a captar una voz que se deja oir cuando menos se la espera, una voz que viene no se sabe de dónde, de alguna parte al margen del libro, al margen del autor, al margen de las convenciones de la escritura: de lo no dicho, de lo que el mundo aún no ha dicho de sí y no tiene aún las palabras para decir. (Cap 10)

“Refleti sobre minha última conversa com aquele Leitor. Talvez a intensidade de sua leitura seja tamanha que ele já no início aspira toda a substância do romance, de modo que não sobra nada para o resto. Comigo isso acontece escrevendo: faz algum tempo, todo romance que me ponho a escrever se esgota pouco depois do início, como se ali eu já houvesse dito tudo o que tinha para dizer.” (p. 202)
“He reflexionado sobre la último coloquio con aquel lector. Quizá su intensidad de lectura es tal que aspira toda la sustancia de la novela al principio, de modo que ya no queda nada para la continuación. A mí esto me sucede al escribir: desde hace algún tiempo cualquier novela que me ponga a escribir se agota poco después del comienzo como si ya hubiera dicho todo lo que tenía que decir.
Se me ha ocurrido la idea de escribir una novela compuesta por comienzos de novela. El protagonista podría ser un Lector que se ve continuamente interrumpido.” (Del diario de Sinas Flannery, Cap 8.)

“(Começar. Foi você quem o disse, Leitora. Mas como determinar o momento exato em que começa uma história? Tudo começou desde sempre, a primeira linha da primeira página de todo romance remete a alguma coisa que já sucedeu fora do livro. Ou então a verdadeira história é aquela que começa dez ou cem páginas adiante, e tudo que a precede não é mais que um prólogo. As vidas dos indivíduos da espécie humana formam um enredo contínuo, no qual toda tentativa de isolar um pedaço do vivido que tenha sentido desligado do resto - por exemplo, um encontro de duas pessoas que se tornará decisivo para ambas - deve levar em conta que cada um dos dois carrega consigo uma trama de fatos lugares outras pessoas e que desse encontro derivarão por sua vez outras histórias que se desligarão da história comum a eles.)” (p. 157)
“Empezar. Eres tú la que lo ha dicho, Lectora. Pero ¿cómo fijar el momento exacto en que empieza una historia? Todo ha empezado siempre ya antes, la primera línea de la primera página de toda novela remite a algo que ha sucedido ya fuera del libro. O bien la verdadera historia es la que empieza diez o cien páginas más adelante y todo lo que precede es sólo un prólogo. Las vidas de los individuos de la especie humana forman una maraña contínua, en la cual todo intento de aislar un trozo de lo vivido que tenga sentido por separado del resto —por ejemplo el encuentro de dos personas que resultará decisivo para ambas— debe tener en cuenta que cada una de las dos lleva consigo un tejido de hechos, ambientes, otras personas, y que del encuentro se derivarán a su vez otras historias que se separarán de su historia común.” (Cap. 7)

“(Não pense que o livro o perde de vista, Leitor. O "você" que se transferiu à Leitora pode, de uma frase para outra, tornar a referir-se a você. Você permanece sempre um dos vocês possíveis. Quem se atreveria a condená-lo pela perda do você, catástrofe não menos terrível que a perda do eu? Para que um discurso na segunda pessoa se torne romance, é necessário ao menos dois vocês distintos e concomitantes, que se destaquem da multidão dos ele, ela, eles.)” (p. 151)
“No creas que el libro te pierde de vista, Lector. El tú que había pasado a la Lectora puede de una frase a otra volver a apuntar a ti. Sigues siendo unos de los tú posibles. ¿Quién osaría condenarte a la pérdida del tú, catástrofe no menos terrible que la pérdida del yo?” Para que un discurso en segunda persona se convierta en novela se necesitan al menos dos tú distintos y concomitantes que se despeguen de la multitud de los él, de los ella y de los ellos. (Cap. 7)

"O livro que eu gostaria de ler agora é um romance em que se narre uma história ainda por vir, como um trovão ainda confuso, a história de verdade que se misture ao destino das pessoas, um romance que dê o sentido de estar vivendo um choque que ainda não tem nome nem forma." (Cap. 4, p. 79)

11 comentários:

  1. Adorei o livro do Calvino, o que escrevia "[...]tal como uma aboboreira faz abóboras"!!

    O parágrafo que segue me fez lembrar o que fazemos no Nosso Clube de Leitura, nosso espaço de reconhecimento mútuo:

    "[...] não há modelo, nenhuma experiência é passível de repetir-se. É neste aspecto que o abraço e a leitura mais se assemelham: o fato de que abrem em seu interior tempos e espaços diferentes do tempo e do espaço mensuráveis" (Cap. 7, p. 160)

    Nos vemos na próxima quarta-feira, com duas perguntas que não me saem da cabeça: qual é o lugar que os livros ocupam em sua vida? Que tipo de leitor é você?

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  2. Eu vejo um livro como um pequeno tesouro. Não me lembro de começar uma leitura sem a expectativa de ter algum tipo de aprendizado, uma informação que desperte em mim algo novo, algo bom, que me surpreenda, que some.

    Confesso que poucos satisfazem esta minha busca sutil. Há sempre um aprendizado nos livros, mas nem todos parecem “dizer diretamente a mim”. Penso ainda não ter encontrado “meu livro”. Permanece então, a sensação de que ele existe e cabe a mim encontrá-lo. E assim vou, abrindo páginas sabendo um dia poder ser surpreendida com meu achado.

    Creio ser um tipo de leitora interesseira. Sempre busco algo, embora não saiba exatamente o quê. Mas sei que saberei, quando encontrar.

    Minha admiração pelo trabalho de vocês. Parabéns ao grupo!

    Um grande abraço!

    Cintia
    (http://clubedeleituraicarai.blogspot.com/)

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  3. Andre:
    Primero te voy a contestar en castellano.
    Los libros siempre estuvieron presentes en mi vida y muchos me ayudaron a tomar decisiones que cambiaron el rumbo de mi camino, como mudarme de país, o dejar un trabajo, o comenzar a escribir.
    La literatura me ayuda a comprender más la vida y las relaciones humanas. Me enseña y me invita a conocer otras culturas.
    Los libros me abren la cabeza a otros mundos, a nuevas visiones… Me acompañan, me ayudan a soñar.
    Un abrazo,
    Gaby =)

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  4. la escrita creativa me revela otra dimensión de pensamiento, .... Me genera el placer de fantasear con otros universos, enriqueciendome no sólo con conocimentos sobre sus propias historias, sino sobre mí misma, en el resultado de esa interacción....Porque la historia que cuenta un libro siempre nos toca en algún punto, aún siendo otra mirada sobre la vida, lo que está ahí escrito se vuelve hacia nosotros.....nos desafía.. revisa nuestras convicciones, actualiza nuestro pasado, identificandose a veces con nosotros o contrastando con nuestro bagage cultural....
    Leer un buen libro es un poco como vivir otras vidas, es crecimiento,es amplitud, es libertad... Libros son para mi verdaderos generadores de debate sobre la vida misma y nuestra condición humana.....
    Gabi y Andrea:
    Las felicito por incentivar tan noble propuesta! LEER!
    Un abrazo! Jorgelina.

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  5. Gracias, Jor, por todo tu cariño y por tus palabras. Te vamos a extrañar en nuestros encuentros, pero seguramente seguiremos contando con tus opiniones por medio del blog. =)
    La literatura te abre los ojos a otros mundos, a la vida misma!!
    Me encanta conversar con vos de arte, cine y literatura!!
    Un abrazo, Gaby

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  6. Eu acho Italo Calvino uma leitura tão difícil... obrigada por "destrinchar" pra mim!!!
    beijocas, saudades!

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  7. Leio porque me faz transcender o aqui e o agora!

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  8. Os livros e a Literatura representam para mim uma possibilidade de resignificação da vida, da realidade.

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  9. Lee y le hablaras a tu alma. Virginia Gamarra Spain

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  10. A literatura de Carlos Ruiz Zafón é comparada a de Edgar Allan Poe, num comentário em seu livro "A Sombra do Vento". O colorido fantástico de Zafón faz com que devoremos compulsivamente suas páginas até o próximo suspense, e o livro está repleto deles. Poe nos transporta na trilha do fantástico, lentamente, até chegarmos a um clímax onde a respiração é suspensa. Zafón é direto suas cores são muito fortes, há sempre uma porta entreaberta, para que o leitor desvende o que está por trás dela.

    Nicia Amorin

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