sexta-feira, 15 de maio de 2009

Maio de 2009 - Julio Cortázar

O JOGO DA AMARELINHA
O encontro de Julio Cortázar foi desafiador, assim como o livro e o próprio autor. Mas, como sempre, enriquecedor e divertido!

O jogo da Amarelinha (Rayuela) também chamada de contra-novela, pela inovação e transgressão da obra, foi publicada em 1963 e revolucionou a literatura no mundo inteiro.

Um romance genial de vários pontos de vista. O escritor escreve em francês, inglês e espanhol simultaneamente, brinca com as palavras e os erros de ortografia e até elabora uma tabela de instruções como opção para ler o livro.

No livro se discute a patafísica, que é um movimento cultural francês do século XX vinculado ao surrealismo. É uma ciência paródica dedicada ao estúdio das soluções imaginárias e das leis que regulam as exceções. Na patafísica a regra é o extraordinário e isso explica e justifica a existência da anormalidade.
“O jogo da amarelinha se joga com uma pequena pedra que é preciso empurrar com a ponta do sapato. Ingredientes: uma calçada, uma pedrinha, um sapato e um belo desenho feito com giz, preferivelmente colorido. No alto fica o Céu, embaixo a Terra, é muito difícil chegar com a pedrinha ao Céu, quase sempre se calcula mal e a pedra sai do desenho. Pouco a pouco, porém, vai-se adquirindo a habilidade necessária para salvar as diferentes casinhas (caracol, retângulo, fantasia, esta pouco usada) e um dia se aprende a sair da Terra e levar a pedrinha ate o Céu, até entrar no Céu [...]; o pior é que justamente nesse momento quando quase ninguém aprendeu a levar a pedra até o Céu, a infância acaba de repente e se chega aos romances, à angústia do divino foguete, a especulação de outro Céu ao qual também é necessário aprender a chegar.” (Capítulo 36)



"O simples fato de você estar à minha esquerda e eu à sua direita já faz da realidade pelo menos duas realidades; e note que não quero ir ao fundo e lembrar que você e eu somos dois entes absolutamente sem comunicação entre si, a não ser por meio dos sentidos e da palavra, coisas de que devemos desconfiar se formos gente séria."




Compreender um pouco mais sobre a vida de Julio Cortázar nos ajuda a entender melhor a atmosfera do livro, que pode ser mesmo considerado um labirinto literário.
Estivemos lendo algumas entrevistas do escritor onde ele disse que a novela, mais do que uma experiência literária, foi para muitas pessoas um choque existencial.

Um dos temas principais do Jogo da Amarelinha é o sentimento profundo de Oliveira (compartilhado também por Cortázar) de que a humanidade errou o caminho. E que embarcou num caminho historicamente falso que nos leva à uma catástrofe definitiva, a uma aniquilação por qualquer motivo: bélico, poluição do ar, contaminação, cansaço, suicídio universal, etc.
Horácio Oliveira, com sua mediocridade mental e a incapacidade de ir além de certos limites, é um homem que se bate contra a parede, a parede do amor, da vida cotidiana, a parede dos sistemas filosóficos, a parede da política. A ideia do Jogo da amarelinha é a comprovação de um fracasso e a esperança de um triunfo. O livro não propõe uma solução, se limita a mostrar possíveis caminhos e ver o que há do outro lado.


Alguns links interessantes que encontramos:
www.juliocortazar.com.ar, em espanhol, com biografia, obras e trechos narrados de livros.


http://www.charleskiefer.com.br/oficina/contos/cortazar.htm, biografia em português.


http://www.tirodeletra.com.br/biografia/JulioCortazar.htm, em português, com biografia, entrevista, e citações do autor.


http://www.mundolatino.org/cultura/juliocortazar/cortazar_5.htm, também em espanhol.

10 comentários:

  1. Ga! conseguí un material excelente sobre Rayuela. Son escritos del propio Cortázar acerca de la novela que hasta este año no habían sido publicados y que aparecieron en un cajón de un viejo escritorio. Te lo trnascribo más tarde...Primicia total!!! Excelente la elección y ardua por cierto! Felicitaciones Ali

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  2. Instigantes os capítulos 21 e 22.
    Frases que achei marcantes:

    "É preciso reinstalar-se no presente."

    "Ah, deixa-me entrar, deixa-me ver algum dia da mesma forma como veem os teus olhos."

    "Assim, paradoxalmente, o cúmulo da solidão conduzia ao cúmulo do gregarismo, à grande solidão das companhias alheias, ao homem só na sala de espelhos e dos ecos."


    Sigo lendo!!!

    Andréa

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  3. Ali:
    Muy interesante todo lo que nos mandaste de Cortazar hasta ahora!!! Lo vamos a leer en la reunión de este martes!!!
    GRACIAS y BIENVENIDA AL GRUPO!
    Gabriela =)

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  4. OI andrea e Gabriela
    vi a propaganda do clube da leitura na revista viva e gostaria de participar. cheguei agora de singapore fiquei la por 3 anos e tbm fazia parte de um grupo de leitura. aonde vcs se reunem como e o esquema - equeci o meu nome e mariana e moro em alphaville a 20 anos. obrigada

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  5. Olá Mariana,
    Bem vinda a Alphaville!
    Por questões de segurança, com Andréa decidimos não publicar no blog o endereço dos encontros. Envie-me um mail a gabytcolombo@yahoo.com e te passo o local! Ou ligue para meu celular: 8147-8196.
    O esquema é simples. Todos os meses a gente comenta o livro votado nos encontros anteriores. São reuniões informais, bem descontraídas.
    Na proxima terça feira, no horario das 19:30hs as 21:30hs, vamos falar do Jogo da Amarelinha de Julio Cortazar.
    Estamos felizes de contar com você no nosso clube!
    Um abraço,
    Gabriela =)

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  6. Oi Meninas,

    O humor negro do autor fica bem marcado no capitulo 107, quando diz:

    " A melhor qualidade dos meus antepassados é a de estarem mortos, espero modesta mas orgulhosamente o momento de herdá-la."

    Bjs.,
    Cecilia

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  7. Cecilia: Falando de macabro...
    Houve um capítulo muito chocante para mim, que me gerou um suspenso e uma angustia terrível: o número 28, da morte do Rocamadour. Adorei a forma como foi escrito. A Maga não liga no filho por quase 2 horas e todos vão descobrindo a situação menos ela, e continuam falando de bobeiras á espera dela perceber a morte do filho... (horrível e genial ao mesmo tempo!)
    Um abraço, Gabriela

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  8. Algo de que não falamos no encontro foi sobre os comentários de Morelli sobre o "leitor-fêmea". O que acharam???

    Andréa

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  9. ADOREI O BLOG...
    GENTE, PROCURO UM CONTO DO CORTÁZAR, PORÉM, ESQUECI O NOME... COMPLICADO... O CONTO ERA MAIS OU MENOS O SEGUINTE: UM CARA ESTAVA LENDO UM LIVRO E TAL, NO FINAL DA LEITURA VINHA UM OUTRO CARA E ATIRAVA NO CRIATURA QUE ESTAVA LENDO...
    NÃO ME RECORDO BEM DESSE CONTO, MAS TIVE A OPORTUNIDADE DE CONHECER O BLOG DE VOCÊS E APROVEITEI...

    AGRADECIDO.
    ALUIZIO LENDL
    EMAIL( lendlce@hotmail.com) para qualquer notícias sobre o meu conto.

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  10. Olá Aluizio:
    O brigada por deixar seu comentário no blog! Tomara comece a ler os livros do clube de leitura conosco assim intercambiamos mais reflexões. Se mora em São Paulo, venha a participar de algum de nossos encontros, são em Alphaville.
    Em relação ao conto de Julio Cortazar, fiquei pensando e tal vez seja “Continuidad de los parques”. Eu um conto maravilhoso dele, que eu gosto muito, é bem breve e com um final forte. Começa com o protagonista lendo um romance.
    Envio um link com o conto em espanhol: http://www.ciudadseva.com/textos/cuentos/esp/cortazar/continui.htm
    Não achei a tradução ao português. O titulo em português seria Continuidade dos parques, penso....
    Um abraço!
    Gabriela =)

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