Os Malaquias / Los Malaquias
Andréa del Fuego, com poucas palavras e de um jeito muito poético, conta a história dos Malaquias, uma família que é atingida por um raio deixando órfãos a os protagonistas do livro: Nico, Julia e Antônio.
Baseado em fatos reais da família da autora e escrita com realismo mágico o romance nos cativa desde o começo até o final.
O grupo inteiro amou ler este romance!
Os Malaquias ganhou o Prêmio Saramago de 2011.
"Um gato esticou as pernas, as paredes se retesaram. A pressão do ar achatou os corpos contra o colchão, a casa inteira se acendeu e apagou, uma lâmpada no meio do vale. O trovão soou comprido alcançar o lado oposto da serra. Debaixo da construção a terra, de carga negativa, recebeu o raio positivo de uma nuvem vertical. As cargas invisíveis se encontraram na casa dos Malaquias.”
“Nico estranhava a cor que ele mesmo nunca via, mas sentia através do outro. Via o azul no contentamento de quem se dirigia a ele, ninguém se defende do claro. Com os olhos escuros Nico absorvia quem chegava, nele pesava a escuridão de quem o encarasse.” Andréa del Fuego, Os Malaquias.
“Nem a morte de Dolfina mexeu tanto. Veio tudo: Antônio, o suor da mãe, o cheiro agridoce do pai, a casa, o terreiro, o trovão. Saiu correndo para o quarto dos fundos, a febre galopava, cavalo sem rumo. A lembrança era uma cortina, a agonia um sofá, mobiliaria uma casa com aquela pilha de perturbações.”
“Dentro do caldeirão, três bolhas emergiram, era a própria Geraldina reagindo com vigor à alta temperatura, rodopiando como se em volta dela houvesse um bambolê e dentro dele, ela se contorcesse. Ar de bolha.” Andréa del Fuego, Os Malaquias.
“A essa altura, Geraldina já havia readquirido autonomia e raciocínio. Ouviu da lâmpada o nome do filho, estava vibrátil ao que gestou. Enovelada na espiral, desapertou-se para atravessar o fino vidro da lâmpada. Misturada ao ar, sem jamais ser aspirada por alguém da sala. As substâncias se diferem pelos números, ela era ímpar, o ar, par. Os pulmões os reconhecem.
Livre, arraia indo se camuflar na areia, foi descendo até encostarse no chão frio do cimento. E no choque térmico voltou para os pés de Antônio.”
ANDRÉA DEL FUEGO
Já li "Os malaquias". Ótimo livro, bom de ler, estilo próprio, que desperta a curiosidade a cada página. Dá para fazer continuações, se a autora quiser. Conhecemos um pouco da época, do pensamento e comportamento do pessoal no interior rural, o valor da palavra. A escrita é gostosa, por vezes lírica, as metáforas são ricas, a história é boa.
ResponderExcluirTambém gostei muito do livro, Rita! Muito obrigada por seu comentário! Um abraço, Gabriela
ExcluirAmando Os Malaquias, Gabi. Bjs!
ResponderExcluirEu também estou gostando!! Vou pela página 50. Uma escrita diferente, ne? Com economia de palavras!
ResponderExcluirE um uso provocativo do vocabulário. Gera estranhamento, perturba e consegue comunicar de forma precisa a condição dos personagens. Muito interessante. Já terminei há alguns dias e algumas palavras e passagens continuam ecoando.
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