quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Fevereiro de 2014 - ITALO CALVINO



As cidades invisíveis
Las ciudades invisibles 





“Existe um momento na vida dos imperadores que se segue ao orgulho pela imensa amplitude dos territórios que conquistamos, à melancolia e ao alívio de saber que em breve desistiremos de conhecê-los e compreendê-los, uma sensação de vazio que surge ao calar da noite com o odor dos elefantes após a chuva e das cinzas de sândalo que se resfriam nos braseiros, uma vertigem que faz estremecer os rios e as montanhas historiadas nos fulvos dorsos dos planisférios, enrolando um depois do outro os despachos que anunciam o aniquilamento dos últimos exércitos inimigos de derrota em derrota, e abrindo o lacre dos sinetes de reis dos quais nunca se ouviu falar e que imploram a proteção das nossas armadas avançadas em troca de impostos anuais de metais preciosos, peles curtidas e cascos de tartarugas: é o desesperado momento em que se descobre que este império, que nos parecia a soma de todas as maravilhas, é um esfacelo sem fim e sem forma, que a sua corrupção é gangrenosa demais para ser remediada pelo nosso cetro, que o triunfo sobre os soberanos adversários nos fez herdeiros de suas prolongadas ruínas.” As cidades invisíveis, Italo Calvino
 

“En la vida de los emperadores hay un momento que sucede al
orgullo por la amplitud desmesurada de los territorios que hemos conquistado, 

a la melancolía y al alivio de saber que pronto renunciaremos a conocerlos y a comprenderlos; una sensación como de vacío que nos acomete una noche junto con el olor de los elefantes después de la lluvia y de la ceniza de sándalo que se enfría en los braseros; un vértigo que hace temblar los ríos y las montañas historiados en la leonada grupa de los planisferios, enrolla uno sobre otro los despachos que anuncian el derrumbarse de los últimos ejércitos enemigos de derrota en derrota y resquebraja el lacre de los sellos de reyes a quienes jamás hemos oído nombrar, que imploran la protección de nuestras huestes triunfantes a cambio de tributos anuales en metales preciosos, cueros curtidos y caparazones de tortuga; es el momento desesperado en que se descubre que ese imperio que nos había parecido la suma de todas las maravillas es una destrucción sin fin ni forma, que su corrupción está demasiado gangrenada para que nuestro cetro pueda ponerle remedio, que el triunfo sobre los soberanos enemigos nos ha hecho
herederos de su larga ruina.” Las ciudades invisibles, Italo Calvino




Italo Calvino




"Se meu livro As cidades invisíveis continua sendo para mim aquele em que penso haver dito mais coisas, será talvez porque tenha conseguido concentrar em um único símbolo todas as minhas reflexões, experiências e conjeturas." 
Assim se refere o próprio Italo Calvino - um dos escritores mais importantes e instigantes da segunda metade do século XX - a este livro surpreendente, em que a cidade deixa de ser um conceito geográfico para se tornar o símbolo complexo e inesgotável da existência humana. 

9 comentários:

  1. Livro difícil para discutir. Imagine para escrever

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  2. Eu nao estou conseguindo me conectar com o livro... vamos tentar novamente no final de semana

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  3. Este livro é um desafio. Boa sorte!

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  4. Estou quase no final e estou amando as cidades invisíveis!! Pura poesia.
    É UM LIVRO DIFERENTE E GENIAL...

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  5. Que dá inúmeras interpretações...mas é uma obra prima!

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  6. Pois é...eu já tenho minhas cidades preferidas!! Vai dar para falar bastante!!!

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  7. Estou como a Rosalba, não me identifiquei, ainda não terminei, intalou...........

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  8. Pena que o encontro foi cancelado. Espero que fique tudo bem, Gaby. Este é um livro riquíssimo para discussão. Filosofia pura. Pena que não me interesso por Filosofia. Admiro, mas não gosto, sinto-me tão ignorante por não alcançar tudo que ela propõe. Não é meu livro favorito, mas achei interessante. Não anotei os nomes das cidades de que mais gostei, mas a minha preferida é Veneza (São Paulo). No fim, por mais que viajemos nunca saímos de nós mesmos.

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  9. Ah, como Cidades Invisíveis era curto, li o Barão nas Árvores também. Ele era uma das opções, mas foi derrotado. Muito divertido, recomendo. Recomendaram-me também O Visconde Partido ao Meio, minha próxima leitura. Gostei de Italo Calvino.

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